Com movimento abaixo dos níveis de 2023, estabelecimentos evitam aumentar o cardápio, trabalhando com margens ainda menores
Os bares e restaurantes estão adotando uma estratégia cautelosa em relação ao repasse de preços, numa tentativa de manter sua clientela em meio a um cenário de baixa no movimento. A inflação dos alimentos consumidos fora do lar demonstra ser significativamente menor em 2024 do que a dos alimentos consumidos dentro do domicílio.
Em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para a alimentação fora do lar foi de 0,39%, praticamente em linha com o índice geral de 0,38% e bem abaixo dos 0,81% registrados para os alimentos dentro do domicílio.
Os alimentos e bebidas, principais insumos dos bares e restaurantes, registraram um aumento de 0,70% em abril, acumulando uma alta de 3,59% nos primeiros quatro meses do ano. Contrastando com essa variação, a inflação acumulada da alimentação fora do lar no mesmo período ficou em 1,48%, abaixo até mesmo da média de inflação geral, que é de 1,80%.
“Este comportamento de preços pode ser interpretado como uma resposta estratégica dos empresários do setor, que preferem absorver parte dos custos adicionais a repassá-los aos consumidores, temendo uma redução no fluxo de clientes. O índice Abrasel-Stone, que mede o volume de vendas, mostra que estamos desde dezembro com movimento abaixo dos mesmos meses do ano passado”, explica Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.
A pressão inflacionária e as dificuldades corroboram os resultados de uma pesquisa recente realizada pela Abrasel, que ouviu 3.069 empresários em todo o país. O estudo mostrou que, em março, quase dois terços dos empreendedores operaram sem conseguir fazer lucro. Ao todo, 25% disseram estar no vermelho e 40% afirmaram atuar em equilíbrio, enquanto apenas 35% realizaram lucro.
A Abrasel acompanha com atenção a realidade vivida no Rio Grande do Sul, que pode impactar significativamente a economia do país. No momento, a entidade está focada em oferecer apoio às vítimas das enchentes no estado, bem como monitorar a situação dos empreendedores gaúchos que sofrem com alagamentos ou com a falta de insumos e energia.